21.10.15

Fragmento autobiográfico


Desde 2005 que mantenho um tipo de diário, onde escrevo algumas experiências pessoais, que chamo de “espirituais” – Hoje pela manhã, folheando-o, topei com este trecho.
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Existe um tipo de experiência estritamente espiritual, que não pode ser descrita por palavra alguma. Não há palavras para descrevê-la. Sua natureza inefável não permite explicações. Ela nos encanta e nos assusta, ao mesmo tempo. Podemos tentar falar a respeito dela (muito superficialmente), contudo, por mais que a penetremos com as nossas palavras, ela permanece sempre envolta em mistério, pois mistério ela é. Há nela uma altura e uma profundidade, uma luz e uma escuridão que as nossas palavras não conseguem penetrar. Tentar descrevê-la é diminuí-la e reduzi-la. O fato é que nem mesmo a pessoa que a vive, pode explicá-la para si. Pode pensar nela como fenômeno em si, pode falar dela para si e para outros, pode escrever sobre ela, mas não consegue, por mais que tente, penetrar a sua essência. Por todos os ângulos em que ela é olhada, ela é mistério que não pode ser descrito. Pode ser sentida, pois vem sobre nós como um instante real de iluminação interior que Incendeia, ilumina e inquieta a nossa alma. Sentimos a sua força e inspiração, percebemos a sua luz, mas não temos palavras para explicá-la. Entretanto, diante dela, não nos calamos nem nos quedamos em solidão, pois a inspiração é uma força que insistentemente reclama para si a ação que ela inspira. Ela muda a nossa vida, influencia as nossas palavras, muda o nosso olhar e o nosso modo relacionar com as pessoas. Muda o nosso jeito de ser, viver e interpretar o mundo, mas permanece para sempre um mistério espontâneo da graça de Deus.  Desde sempre tenho nessas experiências, que para mim são completamente inefáveis, a fonte mais intensa daquilo que em mim, descuidadamente, eu chamo de poesia.”


VBMello

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