22.4.16

Contra hienas e aves de rapina... Um desabafo breve...


Sim, o caminho da fé também tem pontos de escuridão. Às vezes o caminho se estreita tanto que mal dá para respirar. As lágrimas por tanto tempo reprimidas sobem aos olhos e queimam a nossa face cansada de sofrer. Então, a vida parece que vai acabar e a gente perde as forças e sente que vai morrer. Oh, horror... A solidão é absoluta... Quem andava ao nosso lado, mete a faca nas nossas costas. Alguém grita: Fraco! Quem nos olhava nos olhos, agora foge para não ver a nossa face. Ficamos sozinhos no deserto. O diabo vem com uma bandeja de pedras e diz: transforma essas pedras em pães. Mas a nossa fome não é fome de pão. Estamos saciados da Palavra de Deus... Um leão rosna ao derredor, aves de rapina voam sobre o corpo morto de Lazaro... Cães avançam contra nós e dividem os nossos despojos. Como Jó raspando as suas feridas, nós permanecemos sentados na cinza. Quem dependia de nós até para atravessar a rua, agora urra maldições contra nossa vida. O ladrão invade a casa... O mar encapela, o vento sopra, as águas sobem, a escuridão vem e nos abraça e o frágil barco da nossa alma parece que vai afundar... Mas então, ele vem andando sobre as águas e até o vento e o mar lhe obedecem... Já com as carnes apodrecidas, Lazaro escuta o seu chamado e sai do sepulcro. E os caminhos antes escuros, se iluminam... Ele vivifica a nossa alma e aquece o nosso coração. Coloca-nos de pé e firma os nossos passos. Eis que ainda outra vez estamos de volta à guerra. Os dardos do inimigo param todos no escudo da nossa fé. Um leão ruge ao derredor, esmagamos a sua cabeça com a espada da verdade. Ao longe Sodoma e Gomorra perecem em chamas, mas nós não olhamos para trás... Renascido de Deus, estamos numa guerra. Uma guerra que não é como as outras guerras. Uma guerra que não é contra a carne nem contra o sangue... Uma guerra pela integridade da nossa alma... Porque tudo nessa vida pode ser perdido, menos a liberdade da nossa alma. Sim, o que levamos com nós, a nossa vitória contra as trevas, quem tem olhos, mas não enxerga, não vê nem sabe. Quem vê apenas o nosso homem exterior, ainda não nos vê. Ah, meu irmão, se você ao menos pudesse imaginar a riqueza da nossa vitória. Se pudesse ver como nós somos no coração, então que susto, que surpresa... Veria um tesouro maior do que o seu, veria a riqueza das coisas que o dinheiro não pode comprar, nem a traça roer, nem a ferrugem corroer... Tu me julga pobre e miserável, mas eu não vim a esse mundo para correr atrás de riqueza e poder... Vê essas feridas na minha face? São feridas com que fui ferido na casa dos meus irmãos... Vê essa esperança que não deixa o sorriso sumir dos meus lábios? Não é deste mundo.... Vê essa poesia que todo dia nasce da dor? Não é deste mundo... Sim, meu irmão, meu igual, peregrino eu sou neste mundo, e não levo comigo nem prata, nem ouro... Só levo as coisas que o dinheiro não pode comprar... Coisas que somente os olhos do coração podem ver... Você ainda tem um coração... meu irmão? Você vê o leão magro que anda ao meu redor?... Sim, você anda junto com o leão que anda ao meu redor... Mas você me vê? Você vê o leão que anda comigo? Sim, um é o leão de Judas, outro bem diferente é o Leão de Judá... Por favor, não confunda os leões... O Leão de Judá não é um cão doméstico... Eis o problema...Sim, eis o problema...
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_VBMello
Quinta-feira, 31 de março de 2016 - 21:25

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